Illusions

sexta-feira, junho 09, 2006

Nocturno



É bom, meu amor, sentir-te de noite ao pé de mim,
invisível no teu sono, seriamente nocturna,
enquanto eu desenredo as minhas preocupações
como se fossem redes confundidas.



Ausente, teu coração navega pelos sonhos,
mas o teu corpo assim abandonado respira
procurando-me sem me ver, completando o meu sono
como uma planta que se duplica na sombra.


Erguida, serás outra que viverá amanhã,
mas das fronteiras perdidas na noite,
deste ser e não ser em que nos encontramos


algo fica aproximando-se na luz da vida
como se o selo da sombra marcasse
com fogo as suas secretas criaturas.



Sonetos de Amor
de Pablo Neruda